14.10.04

Dinosaurios... haberlos los hubo...

Tomado de: http://200.181.30.165/mto/dinossauro.html MT teve os maiores dinossauros Morro do Cambambi abrigou no passado gigantes com mais de sete metros de altura Mito no imaginário infantil, fato real para os cientistas, dinossauros vorazes, semelhantes a monstros gigantes, são figuras que parecem distantes da nossa realidade. Cronologicamente, são de fato. Sob o ponto de vista geográfico, nem tanto. Relatórios de cientistas divulgados durante o Simpósio Brasileiro de Paleontologia de Vertebrados, que aconteceu no Rio de Janeiro entre os dias 1º e 3 de agosto de 2.000, revelam que o maior dinossauro brasileiro que se tem notícias até hoje viveu na região de Chapada dos Guimarães, há cerca de 80 milhões de anos. O gigante brasileiro, como foi apelidado, era carnívoro, tinha tamanho semelhante a um prédio de três andares e possuía uma estrutura óssea extremamente reforçada. A descoberta é tão recente que o gigante ainda nem tem nome. Sabe-se que o animal era mais antigo do que o tiranossauro rex e outros predadores bípedes. A identificação foi feita por paleontólogos do Departamento de Paleontologia de Vertebrados do Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Para chegar aos fósseis, no entanto, não foi feita recentemente nenhuma expedição a Chapada dos Guimarães. Os ossos foram encontrados na década de 50, e levados para um depósito no DNPM, no Rio. A novidade é que, só agora, as conclusões ficaram prontas. São fósseis da perna, costelas, bacia e dentes. Um pedaço de fêmur está no Museu das Pedras, do sertanista Ramis Bucair, em Cuiabá. “O material foi coletado, preparado e conservado adequadamente nas coleções do DNPM, que, diga-se de passagem, é a melhor coleção de fósseis do Brasil. Somente agora com o encontro de novas formas na Argentina, foi possível o estabelecimento de parentesco sistemático com outros dinossauros sul-americanos e daí a necessidade de sua divulgação”, aponta o pesquisador Diógenes de Almeida, do DNPM. “Já desconfiávamos que se tratava de um fóssil importante. Mas acabamos por identificar o maior predador que já viveu no Brasil. Ele tinha pelo menos sete metros de comprimento. Era um gigante carnívoro que andava sobre duas pernas. Certamente devia ser um caçador temível”, disse o paleontólogo do Museu Nacional, Alexander Kellner, co-autor da descoberta. O gigante de Mato Grosso foi divulgado na mesma semana em que a equipe tinha descoberto outro achado: o dino carnívoro Santanaraptor. Outros 660 quilos de rochas, levados de Minas Gerais para o Rio, podem revelar um terceiro achado, desta vez de dinossauro herbívoro, que os cientistas apelidaram provisoriamente de “Rondon”. “Ao contrário do que todo mundo pensa, o Brasil é rico em fósseis de dinossauros. Falta estrutura, e principalmente dinheiro, para descobri-los”, afirma Kellner. O paleontólogo espera agora obter dinheiro para montar o dinossauro, para que ele seja reproduzido em tamanho real. Em museus de países como Estados Unidos, Grã-Bretanha e Argentina estas montagens são corriqueiras, mas no Brasil praticamente inexistem. “Um museu da Alemanha possui um dinossauro inteiro montado com ossos da Chapada”, aponta Ramis Bucair. O gigante da Chapada, na avaliação dos especialistas, pode ajudar os cientistas a conhecer melhor a época em que os dinossauros dominavam a Terra. “Quem sabe esses animais não teriam surgido aqui e só depois chegado aos territórios mais ao norte?”, questiona Kellner, que espera concluir a descrição científica do animal até o fim do ano. De todos os dinossauros já descobertos, os mais conhecidos são o G. faustoi e o A. brasiliensis, genericamente chamados de titanossauros. O maior titanossauro já descoberto até hoje foi achado na Argentina e media mais de 30 metros. As espécies brasileiras de titanossauro encontradas até agora, todavia, são bem menores, com cerca de seis a 15 metros. Moradores da Chapada desconhecem resultados De acordo com informações do pesquisador Diógenes de Almeida, do DNPM, os vestígios do gigante brasileiro foram encontrados no Morro do Cambambi, em Chapada dos Guimarães, a cerca de seis quilômetros do Distrito de Água Fria. O morro, uma formação com cerca de dois quilômetros de extensão, fica localizado na confluência de quatro propriedades particulares. O acesso ao topo mais alto só é possível com autorização dos donos. Os ossos analisados agora foram recolhidos numa expedição da década de 50, chefiada pelo paleontólogo Llewellyn Ivor Price, do DNPM. No entanto, os resultados de nenhuma destas pesquisas foi até agora apresentado para a população da Água Fria ou de Chapada dos Guimarães. O proprietário da fazenda Cambambi, Osmir Pontin, atual vice-prefeito da cidade, também não tinha conhecimento das conclusões. Leopoldino Alves da Silva, “Seu” Branco, que trabalha na Fazenda Cambambi há quatro anos, já ouviu falar de “histórias de dinossauros”, mas não sabe nada sobre o assunto. Os moradores da Água Fria têm no Morro do Cambambi uma referência de misticismos e histórias. Acreditam que, além de fonte de água, o local é também rico em petróleo. Salvador de Paula, 40 anos, filho de Severiano Mendes Pereira, um dos moradores locais que foi guia ao Cambambi em expedições ocorridas há 25 anos, acredita que o Dilúvio, e a Arca de Noé, ajudam a contar as histórias dos dinossauros do morro. “Noé preparava a arca, quando viu que não cabia um casal de dinossauros, porque eles eram muito grandes. Eles não puderam entrar, e fugiram da água ficando nos morros mais altos. Sobreviveram ao Dilúvio, mas depois ficaram sem comer, e acabaram morrendo de fome”, explica o lavrador, com a humildade típica dos homens do campo. “Lembro das histórias que meu pai contava: os ossos eram tão grandes que nenhum homem conseguia carregar sozinho. Eram ossos inteiros, só que nunca acharam as cabeças. Os dentes deviam ser de marfim, e valer muito dinheiro”, comenta o lavrador. Numa das expedições que o pai de Salvador foi guia, ele chegou a ficar 15 dias no alto do morro. “Voltou de lá com 10 quilos de ossos. Eu guardei por muitos anos, mas depois que ele morreu resolvi jogar fora”, descreve. O próprio Salvador já foi guia para “estrangeiros” ao morro. “Um gringo esteve aqui e foi ao morro no ano passado. Eles sempre falam que estão estudando, mas nunca dão mais noção”, comenta. Para uma equipe de filmagens o lavrador também foi guia. “Sabia que o bicho era grande, mas não sabia que era o maior do País”, disse Salvador, ao ser informado pela reportagem sobre o resultado das pesquisas. O sertanista Ramis Bucair, do Museu de Pedras de Cuiabá, não vê com surpresa as informações dos paleontólogos cariocas reveladas recentemente. E mais, na avaliação de Bucair, a divulgação do local onde tais fósseis foram encontrados pode causar uma corrida de contrabandistas de ossos ao local. “O pedaço de um fóssil de dinossauro vale muito dinheiro”, avalia o sertanista. Ramis acredita que, no Morro Cambambi, não havia apenas um dinossauro gigante, e sim vários. O pedaço de fêmur que está no museu pesa cerca de 100 quilos, tem um metro de altura e é da Era Mezosoíca, Período Cretáceo. O osso foi doado ao Museu pela família Albernaz, de Chapada dos Guimarães, que também participou de uma das várias expedições ao local. Uma destas expedições foi feita por alemães. Parte dos ossos, no entanto, naufragou no Rio da Casca, quando era feita a travessia. De acordo com dados do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan), existem cadastrados em Mato Grosso cerca 700 sítios arqueológicos. Deste total, no entanto, somente dois têm recebido pesquisas sistemáticas. Em Jangada, a 82 quilômetros de Cuiabá, cientistas do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da Universidade de São Paulo (USP) localizaram vestígios de preguiças gigantes, extintas há cerca de 10 mil anos, com dois metros de altura por três de comprimento. A localização aconteceu na Fazenda Santa Elina, que está sendo pesquisada há 17 anos. Os vestígios dos bichos preguiça gigantes estão no Abrigo Santa Elina, um paredão inclinado onde não chove há cerca de seis mil anos. No local a luz do sol também não incide diretamente, o que possibilita que as condições permanecessem ideais para a pesquisa. Outro sítio de destaque em Mato Grosso é a Cidade das Pedras, em Rondonópolis. Lá foram localizados cerca de 50 pequenos sítios arqueológicos, onde os pesquisadores encontraram vestígios de peças de cerâmica, o que demonstra uma ocupação mais recente – cerca de cinco mil anos – de homens que já se dedicavam à agricultura. Explorações iniciaram no final do século passado O interesse pelo Morro do Cambambi como fonte de riquezas fósseis não é recente. Uma expedição feita pelo capitão Celestino Alves de Barros, em abril de 1890, demonstra que há muito tempo se sabe da riqueza do local, chamado na época de Morro do Combate. Tal expedição está descrita numa Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso datada de 1921. “Encontramos espalhados pela macega muitos fragmentos de ossos como que indicando que provinham de desmoronamento da parte superior do terreno, mas também, e sem grande difficuldade, percebia-se que eram restos deixados por alguem que tempos antes andara com o mesmo fito que o nosso por estes lugares. Por grande extensão da fralda do morro, cerca de um kilometro ou mais, se encontram os mesmos indícios”, descreve Celestino em carta ao General Antônio Maria Coelho, governador na época. Em três páginas de relato, Celestino descreve detalhes da expedição. “O serviço a que nos entregamos foi penoso porquanto a natureza do solo é ingrata para trabalhos feitos com tão maos instrumentos, como os que tínhamos, e sem pessoal habil”, narra. Ao citar o encontro de um osso, Celestino não poupa adjetivos para descrever seu espanto. “Convém mencionar, pela alta importancia que me pareceu ter, a descoberta de uma omoplata, tão grande que, creio poder affirmar sem medo de errar, não há presentemente animal algum, do nosso como n’outros continentes, que possua semelhante parte do esqueleto com tão grande desenvolvimento”, aponta. Por dificuldades de transporte, no entanto, a equipe acabou decidindo por não retirar o osso do local. Sertanista teme por divulgação do Cambambi O sertanista Ramis Bucair, do Museu de Pedras de Cuiabá, não vê com surpresa as informações dos paleontólogos cariocas reveladas recentemente. E mais, na avaliação de Bucair, a divulgação do local onde tais fósseis foram encontrados pode causar uma corrida de contrabandistas de ossos ao local. “O pedaço de um fóssil de dinossauro vale muito dinheiro”, avalia o sertanista. Ramis acredita que, no Morro Cambambi, não havia apenas um dinossauro gigante, e sim vários. O pedaço de fêmur que está no museu pesa cerca de 100 quilos, tem um metro de altura e é da Era Mezosoíca, Período Cretáceo. O osso foi doado ao Museu pela família Albernaz, de Chapada dos Guimarães, que também participou de uma das várias expedições ao local. Uma destas expedições foi feita por alemães. Parte dos ossos, no entanto, naufragou no Rio da Casca, quando era feita a travessia. De acordo com dados do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan), existem cadastrados em Mato Grosso cerca 700 sítios arqueológicos. Deste total, no entanto, somente dois têm recebido pesquisas sistemáticas. Em Jangada, a 82 quilômetros de Cuiabá, cientistas do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da Universidade de São Paulo (USP) localizaram vestígios de preguiças gigantes, extintas há cerca de 10 mil anos, com dois metros de altura por três de comprimento. A localização aconteceu na Fazenda Santa Elina, que está sendo pesquisada há 17 anos. Os vestígios dos bichos preguiça gigantes estão no Abrigo Santa Elina, um paredão inclinado onde não chove há cerca de seis mil anos. No local a luz do sol também não incide diretamente, o que possibilita que as condições permanecessem ideais para a pesquisa. Outro sítio de destaque em Mato Grosso é a Cidade das Pedras, em Rondonópolis. Lá foram localizados cerca de 50 pequenos sítios arqueológicos, onde os pesquisadores encontraram vestígios de peças de cerâmica, o que demonstra uma ocupação mais recente – cerca de cinco mil anos – de homens que já se dedicavam à agricultura. JOANICE PIERINI LOUREIRO (Diário de Cuiabá)

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