28.7.05

Desde arriba Ponta Pora

Para apreciar su entorno...

27.7.05

Después del petroleo el agua....

Tomado de: http://www.lainsignia.org/2004/marzo/ecol_012.htm Tríplice Fronteira

Gigante cobiçado

Maria Eduarda Mattar. Colaborou Fausto Rêgo Rits. Brasil, marzo del 2004.

No subsolo da região conhecida como Tríplice Fronteira encontra-se a principal reserva natural de água potável da América Latina - e muito provavelmente a maior do mundo. A maioria (71%) dessa área de 1,2 milhão de quilômetros quadrados está em território brasileiro. O restante divide-se entre Argentina (19%), Paraguai (6%) e Uruguai (4%). O valor desse patrimônio natural é incalculável; a cobiça que desperta também. E sua defesa será um dos temas em pauta no Fórum Social da Tríplice Fronteira, que será realizado em junho, na cidade de Porto Iguaçu, Argentina. O jornalista Ricardo Alberto Arrúa, editor do portal TerritorioDigital.com, é uma das vozes que têm procurado denunciar os interesses internacionais no aqüífero. Nesta entrevista, ele expõe sua preocupação com o destino desse imenso reservatório e alerta para a tentativa norte-americana de se infiltrar na região a pretexto de combater supostas células terroristas. "O Paraguai", adverte, "já permitiu que soldados estrangeiros realizem 'exercícios regulares de treinamento para a luta contra as drogas e o terrorismo', e tudo parece indicar que, quando a diplomacia paraguaia fala em 'regularidade', o que de fato quer dizer é que as tropas virão para ficar".

Rets - O Aqüífero Guarani é a maior reserva natural de água doce do planeta. Que tipo de interesses ele desperta?

Ricardo Arrúa - A água doce, como se sabe, é um bem escasso e indispensável à vida. E toda a humanidade vem tomando consciência disso paulatinamente, embora não tenha compreendido ainda como preservá-la. Sendo a água um recurso tão limitado, é natural deduzirmos por que ela é a causa de conflitos que se acentuam dia a dia de forma exponencial e entendermos o interesse crescente dos Estados Unidos em controlar as regiões onde estão localizadas essas reservas.

Para materializar esse controle - militar, obviamente -, os norte-americanos estão dispostos a recorrer a todo tipo de artifícios e falácias. Da mesma forma que, para controlar as reservas petrolíferas do Iraque, anunciaram que o perigo seriam as até hoje inexistentes armas de destruição em massa, aqui na nossa Tríplice Fronteira, coração do Aqüífero Guarani, a desculpa seria a possível existência de "células adormecidas de fundamentalistas islâmicos". Eles usam como pretexto a numerosa população originária de países árabes - particularmente Síria e Líbano - que vive na região e atua principalmente no comércio.

No entanto, à margem de todos os argumentos, o objetivo é o mesmo: tomar posse de recursos que não lhes pertencem, mas que lhes são necessários.

Rets - Que precauções os países da Tríplice Fronteira devem tomar para se prevenir desses interesses?

Ricardo Arrúa - Lamentavelmente, alguns países da Tríplice Fronteira acataram as justificativas utilizadas pelos Estados Unidos para controlar a região. O Paraguai já permitiu que soldados estrangeiros - entenda-se: norte-americanos - realizem "exercícios regulares de treinamento para a luta contra as drogas e o terrorismo", e tudo parece indicar que, quando a diplomacia paraguaia fala em "regularidade", o que de fato quer dizer é que as tropas virão para ficar.

Na Argentina, recentemente, o coordenador norte-americano da luta contra o terrorismo, Cofer Black, destacou que "a Argentina é uma grande parceira dos Estados Unidos na luta contra o terror", diante do vice-presidente, Daniel Scioli, e de importantes ministros e funcionários do governo.

Podemos dizer, portanto, que pelo menos dois dos três países da Tríplice Fronteira estão "colaborando" ativamente para que o argumento terrorista ganhe credibilidade e resulte, mais cedo ou mais tarde, em uma ação armada para que tomem posse da água doce tal como fizeram com o petróleo iraquiano.

O que se deve fazer? O contrário. Refutar esses argumentos com ações e atitudes, de forma conjunta e coordenada. Após o episódio que mencionei, o próprio Cofer Black acabou admitindo, na mesma reunião, que "até este momento não temos conhecimento de nenhuma célula da Al Qaeda na Tríplice Fronteira".

Rets - Esse tema será discutido no Fórum Social da Tríplice Fronteira? Como acha que ele deve ser tratado?

Ricardo Arrúa - As organizações e os indivíduos - sejam argentinos, paraguaios ou brasileiros - que se reuniram em janeiro, na cidade de Porto Iguaçu [na Argentina], para começar a dar forma a este fórum de debates consideraram o tema prioritário, mas preferiram contextualizá-lo em uma temática mais ampla, como "defesa do Aqüífero Guarani e dos bens naturais da América Latina". Não fazê-lo teria sido um erro, pois se o controle do Aqüífero Guarani é um objetivo estratégico, observa-se, por outro lado, em toda a América Latina, uma promoção de políticas de exploração de bens não renováveis.

Como exemplo, basta citar o caso do México, que, em virtude do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (TLC), deveria privatizar os recursos naturais do seu subsolo e as fontes de energia que agora pertencem ao povo.

Rets - O senhor acredita ser possível que, no futuro, Argentina, Paraguai e Brasil briguem entre si por causa do Aqüífero?

Ricardo Arrúa - Embora os conflitos bélicos tenham estado presentes ao longo da história, estes são mais propensos a começar quando os governos dos países envolvidos não são inteiramente representativos e têm concepções autoritárias. Por isso é importante a proposta de "construção de uma democracia participativa com soberania, autodeterminação, integração e solidariedade entre os povos". Este é o caminho para a construção desse "outro mundo possível": sem guerras ou mesquinharia, com solidariedade e dignidade.

É importante lembrar que o capítulo 18 da Agenda 21, que trata dos recursos hídricos, destaca a preocupação com a preservação da água doce, a imperiosa necessidade de uma gestão conjunta dos recursos hídricos nas áreas de fronteira e faz uma recomendação fundamental: "a cooperação entre esses Estados pode ser aconselhável em conformidade com os acordos e compromissos existentes, considerando os interesses de todos os Estados envolvidos".

Rets - Dados indicam que o Aqüífero Guarani está recebendo poluição do Aqüífero de Serra Geral, que fica no estado de Santa Catarina, no Brasil. Isso pode vir a diminuir os interesses internacionais?

Ricardo Arrúa - O Aqüífero Guarani também se chama Aqüífero Gigante do Mercosul, porque compreende o Aqüífero Triásico (formações Pirambóia-Rosário do Sul, no Brasil, e Buena Vista, no Uruguai) e o Aqüífero Jurássico (formação Botucatu, no Brasil; formação Misiones, no Paraguai, e formação Tacuarembó, no Uruguai e na Argentina), que são parte integrante dessa reserva, que deve ser preservada tanto da poluição como dos interesses neocolonialistas. Porém tanto a contaminação quanto o avanço estratégico militar para apoderar-se da região são ainda incipientes e controláveis e exigem da sociedade civil participação, compromisso e protagonismo.

A incipiente poluição ainda não é um fator dissuasivo para o controle da área quando levamos em conta que a Organização das Nações Unidas profetiza que em 2025 a demanda por água potável será 56% maior que a oferta. E, afinal, a contaminação é infinitamente inferior à que verificamos em outros cursos de água do hemisfério norte.

De vacaciones por las cataratas....

tomado de: http://agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?id=3227 &cd_editoria=005&coluna=reportagens Foto Divulgação

Paraguai recebe militares dos EUA com garantia de imunidade

Ministra das Relações Exteriores do Paraguai, Leila Rachid, abre território nacional para tropas americanas e garante imunidade e status diplomático a soldados. Decisão pode viabilizar base militar americana na região da Tríplice Fronteira, principal alvo dos EUA na América do Sul.

Verena Glass - Carta Maior 01/07/2005

São Paulo – Havia sido marcada para esta sexta (1o) a chegada ao Paraguai dos primeiros 400 militares americanos de um contingente ilimitado de marines que foi autorizado pelo Congresso a fazer manobras e treinamentos no país. A decisão de permitir a entrada e de outorgar aos soldados dos EUA imunidade total e status diplomático foi tomada no final de maio, e prevê a permanência dos americanos até final de 2006, prazo que pode ser automaticamente prorrogado. À época da assinatura do acordo, a ministra das relações exteriores, Leila Rachid, afirmou que “os soldados [americanos] terão as mesmas prerrogativas que os funcionários técnicos ou administrativos de delegações diplomáticas que capacitam nossos compatriotas”, e que a imunidade total só seria dada àqueles “que trabalharem com causas humanitárias”. Isso significa que, em caso de delitos cometidos pelos soldados, eles não poderão ser punidos nem levados à Corte Penal internacional, à qual o Paraguai aderiu. As negociações com os EUA também garantem a entrada e saída livre das tropas, transporte de armas e medicamentos, e a liberdade total para operar em qualquer ponto do território, segundo matéria do jornal argentino Clarín. Segundo o jornalista argentino Luis Bilbao, correspondente do jornal francês Le Monde Diplomatique, a decisão do Congresso paraguaio se deu logo após a queda do presidente boliviano Carlos Mesa e da exigência americana na OEA (Organização dos Estados Americanos) – não aceita – de que se criasse um “observatório das democracias” no organismo. Também acontece no momento em que o governo paraguaio trava uma batalha com movimentos sociais e oposição, contrários às privatizações em curso no país, e com movimentos camponeses em luta por terras. “Washington deve formalizar agora uma base militar no Paraguai (onde, há anos, os EUA já mantém uma aeroporto semi-clandestino em Mariscal Estigarribia, povoado na regia do Chaco, perto da fronteira com a Bolívia, onde se pode aterrissar aviões B-52 e Galaxys, capazes de transportar grandes quantidades de tropas e armamentos) e crava aí um alicerce estratégico para controlar os movimentos de convergência sul-americanos”, avalia Bilbao. Neste mesmo sentido, ONGs argentinas denunciam que o principal alvo dos militares norte-americanos será a região da Tríplice Fronteira (divisa entre Brasil, Argentina e Paraguai), que, segundo avaliação do jornal mexicano La Jornada, é o ponto chave dos projetos geoestratégicos americanos para controlar, com tropas de rápida mobilização, os países fronteiriços e implementar a “Guerra de Baixa Intensidade” contra os inexistentes terroristas supostamente entrincheirados na região. Para preparar terreno, o secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, já garantiu que promoverá, em setembro próximo, um seminário de planejamento se segurança integral nacional com especialistas do Centro de Estudos Hemisféricos de Defesa, órgão ligado diretamente ao Pantágono. Mas já nesta sexta, o embaixador americano no Paraguai, John Keane, anunciou uma ajuda financeira vultuosa ao país “para o combate ao tráfico de drogas, ao terrorismo, à lavagem de dinheiro e à corrupção”. Brasil ameaçado? Ter tropas americanas atuantes em dois flancos – no norte pela Colômbia e no sul pelo Paraguai – não deixa o Brasil em uma situação confortável. A análise é do deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), ex-presidente da Comissão Parlamentar do Mercosul. “A militarização das fronteiras é muito perigosa, estamos começando a ficar imprensados, e acredito que isto seja uma ameaça à nossa segurança”, afirma. Segundo o deputado, mesmo desconhecendo qualquer legislação que impeça o Paraguai de abrir seu território a forças externa, deveria ter havido uma discussão da questão no âmbito do Mercosul. “Os EUA ganharam a queda de braço contra a resistência de sua presença na Tríplice Fronteira. Não sei como foi o acordo com o Paraguai. Mas com a Colômbia aconteceu que se restringiu a entrada de militares e permitiu-se o acesso livre de civis norte-americanos. Esse civis são todos mercenários, empresas privadas de segurança. Se isso se repetir no Paraguai, as coisas se complicam”. Já a assessoria do Itamaraty afirmou que, oficialmente, o Brasil não se manifestara sobre o assunto, porque “seria ingerência em assuntos internos de outro país. Nós mesmos temos acordos de exercícios militares conjuntos com os EUA, e do ponto de vista do Itamaraty não há nada a ser comentado".

Vacaciones para militares en Paraguay...

Tomado de: http://noticias.uol.com.br/ultnot/2005/07/04/ult23u154.jhtm 04/07/2005 - 18h42EUA no Paraguai O governo de Assunção acaba de autorizar o estacionamento de tropas norte-americanas em seu território. Pela primeira vez teremos bases estrangeiras permanentes na América do Sul, na estratégica região da usina de Itaipu.MAURO SANTAYANAda Agência Carta MaiorCom os olhos em Roberto Jefferson, não estamos atentos ao que se passa ali, no Paraguai. O governo de Assunção acaba de autorizar o estacionamento de tropas norte-americanas em seu território. Pela primeira vez teremos bases estrangeiras permanentes na América do Sul, e em região estratégica continental. Nessa tríplice fronteira se encontra a maior represa do mundo, a de Itaipu, de cuja energia todo o território paraguaio e grande parte do território brasileiro dependem. A região é também das mais férteis do mundo e se encontra mais ou menos na eqüidistância dos dois oceanos. Temos relações historicamente difíceis com o Paraguai, desde a guerra contra López. Os revisionistas procuram culpar o Brasil pelo conflito, mas a isso fomos levados pelo fechamento do Rio Paraguai aos nossos barcos e, em seguida, pela invasão de grande parte do território do Mato Grosso. Não coube ao Brasil a iniciativa da agressão. É certo que o genro do Imperador Pedro II foi particularmente cruel com a população derrotada e, talvez por isso, tenhamos cedido em tudo nas nossas relações com o país vizinho.Não sabemos se o Paraguai nos comunicou essa decisão perigosa. É provável que não. A submissão paraguaia aos Estados Unidos é tão forte que este colunista, há quarenta anos, ao descer em Assunção, encontrou o aeroporto tomado por tropas formadas, ao lado de colegiais que agitavam bandeirolas norte-americanas. Procurou saber o que ocorria: o funcionário do Departamento de Estado que cuidava dos assuntos do Paraguai estava chegando em visita oficial a Assunção.Conforme divulgou a revista Newsweek, logo depois de 11 de setembro, o sub-secretário da Defesa, Douglas Feith, sugeriu a Bush a invasão da tríplice Fronteira por tropas aerotransportadas, a fim de capturar membros da Al Qaeda e ocupar permanentemente a região. Alguém achou melhor a invasão do Iraque, mais viável politicamente. Tudo isso nos leva a pensar um pouco no que nos está ocorrendo. É bem provável que Washington tente retirar vantagens da crise interna. Um país dividido, conforme a velha advertência de Lincoln, é presa fácil para os seus adversários.Como os Estados Unidos não podem viver sem guerras, e estando suas tropas escorraçadas do Iraque, não seria de admirar se viessem a nos agredir sob o pretexto da presença de muçulmanos em Foz do Iguaçu. Tudo isso deve convocar a nossa reflexão, a fim de esclarecer logo as denúncias que atingem o governo e o Partido dos Trabalhadores, a fim de que possamos nos organizar para a eventual defesa da soberania territorial do Brasil. Temos, ali, o exemplo histórico de provocações e de ocupação de nosso espaço soberano. Os Estados Unidos, hoje, mais do que nunca, estão desrespeitando todas as regras de convívio internacional, a ponto de o mais submisso governante europeu, Sílvio Berlusconi, ver-se obrigado, na última sexta-feira (1º), a pedir explicações oficiais ao embaixador norte-americano pelo fato de a CIA ter seqüestrado um clérigo muçulmano em Milão e o haver transferido clandestinamente para fora do país. A Justiça italiana determinou a prisão dos 13 agentes da CIA envolvidos no episódio. Se assim agem contra um país da União Européia com o qual têm as relações mais fraternas ao longo da História, que podemos deles esperar quando nos encontramos fragilizados pela crise, e pela entrega de setores estratégicos aos estrangeiros, durante o governo neoliberal de Fernando Henrique, quando disputamos com o Paraguai a vassalagem a Washington? Mauro Santayana, jornalista, é colaborador do Jornal da Tarde e do Correio Braziliense. Foi secretário de redação do Última Hora (1959), correspondente do Jornal do Brasil na Tchecoslováquia (1968 a 1970) e na Alemanha (1970 a 1973) e diretor da sucursal da Folha de S. Paulo em Minas Gerais (1978 a 1982). Publicou, entre outros, "Mar Negro" (2002).